Saúde
Maior demanda recai sobre rede de Pelotas
Tomografias estão concentradas na Santa Casa, que já recebe pacientes com câncer de Rio Grande pela suspensão da radioterapia no município
Divulgação -
Desde o dia 4 de maio, o Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE-UFPel) está com o tomógrafo em manutenção. O exame é obrigatório para que pacientes oncológicos consigam dar o pontapé inicial nas sessões de radioterapia. Por isso, pacientes que necessitam do serviço estão sendo encaminhados para a Santa Casa do município. Apesar de concentrar a demanda, o hospital não dá detalhes sobre o volume de tomografias que vem sendo solicitadas.
“Dentro da sua capacidade, a Santa Casa está prestando o suporte solicitado pelo Hospital Escola nos atendimentos para tomografias”, diz a instituição, em única manifestação via nota à reportagem.
De acordo com a gerente de atenção à saúde do HE-UFPel, Cristiane Neutzling, assim que o aparelho apresentou falhas o hospital entrou em contato com o fabricante para viabilizar o reparo. A empresa responsável pela manutenção da máquina foi ao hospital na segunda-feira (23) e identificou o problema, sendo necessária a troca de um componente. A ideia é que nesta terça já seja possível ter uma previsão de quando o equipamento voltará à ativa.
Cristiane afirma que a Santa Casa está dando suporte para as tomografias demarcatórias do tratamento radioterápico dos pacientes do HE e, segundo ela, não haveria alteração na espera. “Este é um trâmite interno do serviço de radioterapia, uma etapa do tratamento encaminhado pelo próprio serviço, e não agendada pelo usuário. Os pacientes continuam entrando na radioterapia pela regulação da Secretaria Municipal de Saúde, sem alteração no fluxo do serviço”, argumenta.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) explica que, com a suspensão das tomografias no HE-UFPel, a pasta e o hospital acordaram com a Santa Casa a realização deste exame, com a disponibilização de seis tomografias semanais para pacientes de radioterapia, incluindo os pacientes de Rio Grande. A regulação dos pacientes para essas consultas é feita pela Secretaria de Pelotas, a partir de uma lista de espera organizada pelo órgão rio-grandino.
A agonia da espera
Cristiane Ribeiro Barboza, 43, teve o diagnóstico de câncer de colo de útero em março deste ano. Porém, os sintomas e as falhas nos atendimentos iniciaram em agosto de 2021. Mesmo depois de uma sequência de hemorragias, de consultas e de exames, o diagnóstico correto não aparecia. “Me disseram que era um cisto que iria desaparecer e cheguei a ir em médicos que nem me examinaram”, desabafa a mãe de três filhos e moradora de Santa Vitória do Palmar.
Por ser residente do município, a referência de atendimento seria Rio Grande, mas quando chegou até lá o serviço de radioterapia já estava suspenso. Com isso, começaram os trâmites para iniciar o tratamento em Pelotas. Porém, antes de tudo, a notícia que realmente estava acometida por um câncer só chegou depois de passar mal e procurar ajuda em um pronto atendimento do município e conhecer uma médica que começou com as averiguações necessárias.
Em Pelotas, chegou encaminhada por Santa Vitória via SUS. Quando chegou no setor de radioterapia do HE, realizou consulta e foi informada que o tratamento radioterápico começaria em seguida. Porém, na hora de marcar o exame, diz ter sido avisada que o aparelho estava estragado e que, quando voltasse a funcionar, seria comunicada. “A gente liga e ninguém sabe responder nada e essa não é uma espera só minha. Quantas pessoas mais estão nesta situação?”, questiona.
Na última sexta-feira, a reportagem procurou o HE-UFPel, que informou sobre a realização dos exames na Santa Casa. No mesmo dia, no final da tarde, Cristiane teve o procedimento marcado para a próxima quinta-feira (26).
Acordo para acolhimento
De acordo com a SMS, houve acordo com o órgão estadual da saúde, que ajustou os atendimentos de radioterapia para acolher a demanda vinda de Rio Grande, com a interdição do setor no município em março deste ano. Como definição, o HE e a Santa Casa ofereceriam 24 consultas ao mês, sendo 12 vagas em cada hospital, para pacientes de Rio Grande iniciarem o tratamento de oncologia. A partir disso, esses pacientes receberam encaminhamento para os exames, como tomografia e outros. Para ser financeiramente viável a Pelotas absorver essa demanda, o Estado publicou informativo da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) com o teto financeiro para esses atendimentos, garantindo assim o repasse do valor dessas consultas ao município.
Situação da Santa Casa de Rio Grande
A Santa Casa de Rio Grande segue com o setor de radioterapia interditado por 90 dias. Na segunda semana de março o serviço prestado a 35 pacientes foi considerado inadequado, segundo apontou relatório da Vigilância Sanitária da Secretaria Estadual da Saúde. Os pacientes que estavam em tratamento tiveram a garantia da conclusão. Entretanto, os novos foram encaminhados a Pelotas, como é o caso de Cristiane.
A novidade é que a Câmara Municipal do Rio Grande repassou verba de R$ 600 mil para a Santa Casa com o objetivo de auxiliar na manutenção do software pertencente ao aparelho de radioterapia. A expectativa é que o serviço volte à normalidade antes do prazo de três meses.
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